OS ALIMENTOS
NA SAÚDE ORAL
Já toda a gente está familiarizada com o perigo que os açúcares representam no nosso estado de saúde geral, que envolve também a saúde oral. A relação causa-efeito entre açúcares e cárie dentária é algo reconhecido por praticamente toda a população, daí que todos saibamos que se deva evitar o consumo excessivo de doces, bolos, gomas, rebuçados, chocolates e por aí fora.
No entanto, mesmo quem põe todas estas guloseimas de parte pode vir a ter outras preocupações.
Da “época das cavernas” até hoje, os nossos padrões alimentares modificaram-se e a adaptaram-se às nossas exigências e à modernização do mundo em que vivemos. A introdução e ampla distribuição de açúcares e hidratos de carbono processados, ao longo dos anos, tem vindo a aumentar o índice de cárie dentária, afetando desde crianças a adultos e idosos.
Desde o início do século XXI, têm-se verificado uma mudança de paradigma e uma tentativa global de adoção de uma alimentação equilibrada que vise a saúde.
Este conceito de alimentação saudável é no entanto muitas vezes substituído por outros como “dieta” e “regime” ou “plano de emagrecimento”, sobretudo a partir de meados de Abril até finais de Agosto.
Toda a gente quer fazer aquele figuraço dentro do biquini ou a andar pela praia à beira mar, nem que para isso seja preciso quase andar a contar calorias daquilo que comemos nos meses antes.
Sem querer julgar os vários planos dietéticos ou dizer se eles fazem ou não sentido, o facto é que não existe nada mais saudável que uma alimentação variada, equilibrada e claro, sem grandes excessos. Porque tudo o que seja com peso e medida não traz problemas, mas nestes regimes alimentares por vezes acontecem excessos.
Parece contraditório não parece? Alguém que quer perder peso (ou pelo menos não engordar) como poderá exagerar? E em quê?
E já agora, o que é que isso interfere com a nossa boca?
Passemos então a ver quais os problemas dentários que podem decorrer do consumo exagerado de determinados alimentos, ainda que inofensivos à primeira vista.
Cárie Dentária
Revendo um pouco a medicina da questão, a cárie dentária surge da interação de 3 factores: bactérias, que existem naturalmente na nossa boca; alimentação, em particular a frequência de consumo de açúcares e hidratos de carbono fermentáveis; e suscetibilidade dos dentes, influenciada pelo tempo. A ação da saliva aliada a bons hábitos de higiene oral, por outro lado, funcionam como agentes de proteção contra esta doença.
Que doçarias fazem mal é de conhecimento geral. Mas que mais alimentos dietéticos aumentam o risco de cárie?
••Bebidas alcoólicas: o mecanismo de ação do álcool difere dos demais uma vez que estas bebidas não fornecem substrato prejudicial mas vão diminuir a quantidade de saliva, que é um dos agentes protetores contra a cárie.
Erosão Dentária
Apesar da cárie ser o grande problema dentário quando se fala de cuidados na alimentação, existe uma outra condição que também pode ser motivo de preocupação. O desgaste químico dos dentes ou erosão dentária consiste na destruição dos tecidos duros do dente por acidificação da superfície, sem o envolvimento de bactérias, e ao contrário da prevalência de cárie que tem vindo a diminuir, esta tem vindo a aumentar.
E eis os produtos alimentares que podem contribuir para a erosão dentária:
Claro que todos estes alimentos e bebidas, desde tomados com moderação, podem fazer parte de um plano de alimentação saudável, sem que isso signifique um risco significativo para a nossa saúde oral. A nossa boca é um sistema em equilíbrio dinâmico e se por um lado temos agentes como a placa bacteriana e os açucares ingeridos como factores prejudiciais, a desmineralizar o esmalte, por outro temos a saliva e o flúor com uma função de auto-limpeza e remineralização destas superfícies.
Falemos agora de outro flagelo, não da saúde mas da estética dentária.
Pigmentação Dentária
O inestético aparecimento de manchas à superfície dos dentes designa-se por pigmentação dentária extrínseca e pode ser causada pela nossa dieta. Pigmentos e corantes que se encontram em certos alimentos e bebidas depositam-se e aderem à superfície dentária. Como resultado, aquele sorriso branco de Hollywood vai-se distanciando cada vez mais da nossa realidade. Felizmente, a saliva tem a capacidade de auto-limpeza e remoção da maior parte destes depósitos cromáticos. Aliando-a de bons hábitos de higiene oral diária e consultas periódicas com higienista os efeitos da pigmentação são facilmente revertidos.
Eis os principais causadores da pigmentação nos dentes:
Para além do acima enunciado, é necessário ressalvar que também os alimentos e bebidas que podem causar erosão dentária (abordada anteriormente), podem agravar as pigmentações pela capacidade de desgastar os dentes, dada pela acidez, e portanto criar rugosidades nos dentes e agarrar mais estas substancias cromogénicas.
Halitose
Nem sempre lhe é dada a devida atenção, mas o a halitose, ou o vulgar mau hálito, quando frequente constitui um problema médico sério que pode ter um impacto bastante significativo na qualidade de vida. Apesar de ter várias causas, a nossa alimentação pode ser uma delas.
Eis os alimentos que podem contribuir para o mau hálito e dar aquele “bafinho”:
••Durião/Durian: considerada como a fruta mais malcheirosa do mundo pelos internautas. Da forma de coco, coberto com espinhos, este fruto tem uma polpa cremosa com sabor agridoce, muito apreciado pelos habitantes do sudeste asiático. O seu odor e sabor peculiares está relacionado com a sua composição em compostos sulfurados voláteis.
Fracturas Dentárias
Em muito poucos casos acontecem fracturas em dentes saudáveis, devidas àquilo que comemos. Desde o tempo do homem da pedra, os alimentos que ingerimos cada vez menos conseguem por à prova o duro limite de resistência do esmalte. Contudo, e apesar das principais causas dos traumas se centrarem em quedas, acidentes e contactos desportivos, e raramente incluirem a mastigação, existem alguns alimentos que podem levar a pequenos cracks ou fracturas nas nossas superfícies dentárias. Principalmente em dentes com tratados com restaurações extensas ou recobrimentos provisórios, a sua resistência poderá estar diminuída tornando-os mais suscetíveis a estes percalços.
Resumindo, tudo é uma potencial ameaça aos nossos dentes? Não, claro que não! Praticamente todos os itens acima referidos fazem e deve fazer parte de uma alimentação equilibrada.
Apesar dos efeitos “colaterais” acima descritos, existem também bastantes vantagens do ponto de vista nutricional e de saúde geral nestes alimentos que os tornam fundamentais.
Além disso, como já referido por várias vezes neste artigo, a nossa saliva consegue lidar com a maior parte destes pequenos malefícios. E complementando a remoção mecânica da placa bacteriana em casa, que inclui a escovagem bidiária e utilização de fio dentário, com consultas de higiene oral periódicas todos estes problemas podem passar ao lado.
Deste modo, serve o presente não para excluir nutrientes da nossa rotina diária mas sim para dar a conhecer ou abordar certos conceitos, dar algumas dicas e prover de ferramentas para controlar eventuais situações orais que nos podem acometer.
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